Você sabia que é possível para um estrangeiro estudar no Brasil de diversas formas, dependendo dos seus objetivos profissionais? O país oferece oportunidades para quem busca formação profissionalizante mais rápida e prática, além de opções para aqueles que desejam ingressar em uma universidade ou realizar um intercâmbio.

Além disso, no Brasil, existem políticas inclusivas e programas específicos que promovem o acesso à educação para migrantes e refugiados e facilitam sua integração ao mercado de trabalho. 

Para esclarecer as possibilidades de estudo e qualificação, preparamos este artigo, que explica quais são os caminhos disponíveis para estrangeiros que desejam estudar no país, suas formas de ingresso, requisitos e documentação necessária. 

Por que muitos estrangeiros desejam estudar no Brasil? 

Todos os anos, o Brasil recebe migrantes e refugiados de diferentes partes do mundo que buscam uma melhor qualidade de vida, oportunidades profissionais e acesso à educação.

Além da diversidade cultural, muitos outros fatores tornam o país um destino atrativo para estudantes estrangeiros. Por exemplo, em diversos estados brasileiros, há instituições e ONGs dedicadas ao acolhimento de pessoas deslocadas, oferecendo apoio na regularização migratória, suporte educacional, habitacional e econômico, além de projetos de integração social e assistência jurídica para obtenção de documentos e garantia de direitos. 

Além disso, o país conta com ensino de qualidade, abrangendo universidades renomadas, cursos profissionalizantes e outras iniciativas que facilitam o aprendizado, mesmo para aqueles que não possuem condições financeiras. 

Há ainda programas específicos que preparam o estudante para o dia a dia do mercado de trabalho brasileiro, ensinando habilidades valorizadas e auxiliando na adaptação profissional. É válido lembrar que, cada vez mais, as empresas brasileiras estão se conscientizando sobre a importância de contratar migrantes e refugiados. 

Como um estrangeiro pode estudar no Brasil

Existem diversas formas de um estrangeiro estudar no Brasil, e a escolha do tipo de ensino depende do perfil do estudante, dos requisitos acadêmicos e dos objetivos de carreira. Abaixo, explicamos como funciona cada modalidade.

Formações profissionalizantes e cursos técnicos

As formações profissionalizantes e cursos técnicos são ideais para estudantes estrangeiros que buscam uma qualificação mais rápida e focada no mercado de trabalho. Geralmente, esse tipo de ensino fornece as habilidades técnicas e comportamentais que o mercado demanda, preparando o aluno para atuar de forma prática e eficiente em diversas áreas, como tecnologia, gastronomia, administração, marketing, entre outras.  

A principal diferença entre essas duas modalidades está no tempo de duração do curso. 

As formações profissionalizantes possuem curta duração, variando entre dois e doze meses, enquanto os cursos técnicos têm uma carga horária maior, geralmente variando entre um ano e meio e dois anos de duração. 

Requisitos

Os requisitos para ingressar em uma formação profissionalizante ou em um curso técnico dependem da instituição escolhida. Em geral, não há muitas exigências, por isso, essas formações são acessíveis para a maioria dos estudantes. Grande parte das instituições aceita alunos sem experiência prévia na área e algumas exigem apenas critérios básicos, como idade mínima ou escolaridade.

Documentos 

Os documentos exigidos também dependem da instituição de ensino, mas podem ser cobrados: documento de identificação (Exemplo: CRNM – Carteira de Registro Nacional Migratório), CPF, comprovante de escolaridade e comprovante de residência.

Como participar

De modo geral, é preciso apenas escolher a instituição de ensino, separar a documentação solicitada e realizar a inscrição. Alguns exemplos de centros de ensino são o SENAC e o SENAI, sendo que grande parte dos cursos oferecidos por essas instituições é paga.

Por outro lado, existem também formações gratuitas, como é o caso da Toti Diversidade, que fornece um Programa de Carreira completo para estudantes refugiados e migrantes, focado no mercado de trabalho brasileiro. 

Graduação

A graduação é ideal para estudantes estrangeiros que procuram uma formação mais aprofundada, desejam ampliar seu leque de atuação e dispõem de mais tempo disponível. Isso porque os cursos superiores possuem duração média de dois a quatro anos, dependendo da modalidade escolhida.

Os cursos tecnológicos geralmente duram de dois a três anos, enquanto os de bacharelado e licenciatura costumam ter uma duração maior, entre quatro e cinco anos. 

Requisitos

Os requisitos variam conforme a universidade. Muitas instituições exigem a comprovação de proficiência em português, geralmente com o certificado Celpe-Bras, além da conclusão do ensino médio com diploma revalidado de acordo com as normas brasileiras. Já programas voltados para estrangeiros, como o Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G), podem ter critérios mais flexíveis. É importante verificar os requisitos específicos de cada programa ou instituição antes de se candidatar. 

Documentos

Entre os documentos que podem ser exigidos estão: comprovante de conclusão do ensino médio, certificado de proficiência em português, documento de identificação, CPF, visto de estudante, comprovante de escolaridade e comprovante de residência. É importante consultar a lista de documentos diretamente com a universidade.

Como participar

Para realizar uma graduação no Brasil, estrangeiros podem escolher uma das formas de ingresso abaixo:

Vestibular: prova aplicada pela própria universidade, com questões de diversas áreas do conhecimento. 

Exame Nacional do Ensino Médio (Enem): avaliação que permite o ingresso em diversas instituições de ensino superior no Brasil, sendo amplamente utilizada por brasileiros e estrangeiros. 

Processos seletivos para estrangeiros: seleção realizada por algumas universidades brasileiras, destinada especificamente a candidatos estrangeiros, como a Unila. Para saber quando esses processos serão abertos, é preciso acompanhar os sites oficiais das universidades ou portais de notícias acadêmicas. Clique aqui para conferir uma lista de faculdades que oferecem vagas para refugiados. 

Programas para estrangeiros não residentes no Brasil: destinados exclusivamente a estrangeiros que moram em outros países. Um exemplo é o PEC-G, que oferece vagas gratuitas a migrantes em universidades brasileiras. 

Clique aqui para conferir os programas de estudo para estrangeiros. 

Pós-graduação

A pós-graduação é indicada para estudantes estrangeiros que já possuem uma graduação e desejam se especializar em uma determinada área. 

Requisitos

Para cursar uma pós-graduação, o primordial é ter concluído uma graduação. Os demais requisitos variam de acordo com a instituição. 

Documentos

Os documentos solicitados são semelhantes aos exigidos para a graduação, com a adição do diploma de graduação. Caso o ensino superior tenha sido concluído fora do Brasil, em alguns casos, poderá ser solicitada a revalidação do diploma. É importante verificar diretamente com a universidade quais documentos são necessários. 

Como participar

Processo seletivo próprio da universidade: algumas instituições possuem seus próprios critérios de seleção, podendo incluir análise curricular, entrevistas e apresentação de um projeto de pesquisa (principalmente para mestrados e doutorados). Em determinados períodos, algumas universidades divulgam processos específicos para migrantes e refugiados, como é o caso da Universidade Federal de Goiás (UFG). Para saber quando esses processos seletivos serão abertos, acompanhe os sites oficiais das universidades e notícias acadêmicas. 

Programas específicos para estrangeiros: existem iniciativas voltadas especificamente para migrantes que querem cursar uma pós-graduação. Uma delas é o Programa de Estudantes-Convênio de Pós-Graduação (PEC-PG), que concede bolsas de estudo para formação em cursos de mestrado e doutorado em universidades brasileiras. Esse programa, por exemplo, tem requisitos específicos, como não possuir visto permanente no Brasil e ser cidadão de países em desenvolvimento com os quais o Brasil mantém acordos de cooperação. É fundamental consultar os editais oficiais para verificar os critérios de elegibilidade e procedimentos de inscrição.

Inscrição e pagamento direto: para estudantes que possuem condições financeiras, é possível realizar a inscrição e pagar pela matrícula, sem a necessidade de processos seletivos. Esse formato é comum para cursos de pós-graduação lato sensu (especializações).

Intercâmbio

O intercâmbio é indicado para estudantes estrangeiros que residem em outros países e desejam vivenciar uma experiência acadêmica e cultural no Brasil. Com isso, essas pessoas, além de frequentar as aulas, poderão conhecer diferentes tradições, regiões e perspectivas dentro do contexto brasileiro. 

Requisitos

Em alguns casos, é preciso que os alunos estejam matriculados em uma instituição de ensino superior em seu país de origem, tenham conhecimento da língua portuguesa e possuam escolaridade de acordo com as exigências do curso ou da instituição de destino. Todos os requisitos dependem do tipo de intercâmbio. 

Documentos

Pode-se solicitar CPF, documento de identificação, visto de estudante e comprovantes de escolaridade e de fluência em português. Para saber a lista completa de documentos exigidos para seu programa específico, consulte a universidade onde você estuda, pois ela poderá fornecer todas as orientações necessárias.

Como participar

Muitas instituições estrangeiras possuem parcerias com universidades brasileiras. Por isso, os estudantes interessados devem verificar com sua instituição de origem se há programas de mobilidade acadêmica disponíveis para o Brasil. Nesse caso, é possível que o estudante curse um ou mais semestres em território brasileiro, como é o caso da FEA-RP/USP, que mantém convênios com diversas universidades internacionais. 

Existem ainda outros programas que possibilitam o intercâmbio acadêmico, como detalhado ao longo deste texto, entre eles o PEC-G.

Checklist de documentos necessários para um estrangeiro estudar no Brasil

Para facilitar sua organização, listamos abaixo os principais documentos exigidos, que já foram mencionados ao longo deste texto. Essa lista serve como um guia rápido para você verificar o que pode ser necessário ao se candidatar a um curso no Brasil. Lembre-se de que os requisitos exatos podem variar conforme a instituição e o tipo de ensino escolhido. Confira a documentação: 

• Documento de identificação (Exemplo: CRNM)
• CPF 
• Comprovante de escolaridade 
• Visto de estudante 
• Comprovante de conclusão do ensino médio (para graduação)
• Certificado de proficiência em português (como o CELPE-Bras, quando exigido)
• Comprovante de residência
• Diploma de graduação (para pós-graduação)
• Revalidação do diploma de graduação (quando exigida para cursos de pós-graduação)
• Comprovante de proficiência em português

Perguntas frequentes sobre carreira e educação de refugiados e migrantes: 

Estrangeiro pode estudar em universidade pública? 

Sim, estudantes estrangeiros podem estudar em universidades públicas por meio de diferentes formas de ingresso, como vestibular, Enem ou programas específicos. 

O mercado de trabalho brasileiro é bom para migrantes e refugiados?

O mercado de trabalho para migrantes e refugiados no Brasil ainda enfrenta alguns desafios, como a dificuldade no reconhecimento de experiências anteriores, mas já evoluiu muito nos últimos anos. Hoje, grandes empresas contratam migrantes e refugiados, como o Grupo Globo, Hospital Albert Einstein e Neon. Além disso, há programas de inclusão que facilitam o acesso ao emprego. 

Quais são as principais dicas para um estrangeiro estudar no Brasil sem complicações?

Aprenda português, procure instituições e ONGs de apoio e acolhimento para migrantes, conheça seus direitos, regularize sua situação migratória e pesquise sobre programas e bolsas de estudo para estrangeiros.