Back-end: funções, salários e como migrantes podem dar os primeiros passos na carreira

24/07/2025
• Atualizado em 24 de julho de 2025
Três pessoas em frente a um notebook trabalhando em conjunto.
A área de back-end oferece boas oportunidades e salários atrativos

 

Quando a gente entra em um site, faz login em um aplicativo ou envia uma mensagem, nem sempre imagina quantas coisas acontecem por trás da tela. O que garante que tudo funcione corretamente é o trabalho da pessoa desenvolvedora back-end.

Neste conteúdo, vamos mostrar o que é o back-end, quais são as funções mais comuns dessa área e como anda o mercado para quem quer seguir essa carreira.

Também reunimos caminhos possíveis para quem quer aprender a programar e está começando do zero, principalmente migrantes e refugiados que desejam uma oportunidade real de transformação por meio da tecnologia.

O que é desenvolvimento back-end?

O desenvolvimento back-end é responsável pela parte invisível de sites, apps e sistemas, ou seja, aquilo que o usuário não vê, mas que faz tudo acontecer.

Desde o armazenamento de dados até a troca de informações entre sistemas, é esse tipo de programação que garante o funcionamento das plataformas.

Enquanto o front-end cuida da parte visual, como os botões, menus e cores, o back-end cuida da lógica, da segurança e do desempenho. Um depende do outro para entregar uma experiência completa para quem está do outro lado da tela.

Essa área é uma das mais procuradas por empresas do mundo todo, principalmente porque exige profissionais com raciocínio lógico, atenção aos detalhes e capacidade de resolver problemas com código.

Quais são as principais funções de uma pessoa desenvolvedora back-end?

Quem atua como back-end cuida dos bastidores: constrói a base que faz os sistemas funcionarem de verdade, organiza os dados, protege informações e garante que tudo continue rodando bem.

Criação de APIs e integração com banco de dados

Uma das tarefas mais comuns é criar APIs, que funcionam como pontes entre o sistema e o mundo exterior. Elas fazem com que diferentes partes da aplicação conversem entre si, como quando um app envia uma informação e recebe uma resposta do servidor.

Além disso, a pessoa desenvolvedora back-end também estrutura e gerencia bancos de dados. É ela quem define onde as informações serão guardadas, como serão organizadas e de que forma poderão ser acessadas com rapidez e segurança.

Segurança e autenticação de usuários

Outra responsabilidade importante é manter os dados protegidos. Isso significa implementar formas de autenticação (como login e senha), criptografar informações sensíveis e criar barreiras para que apenas quem tem permissão consiga acessar áreas específicas do sistema.

Em outras palavras, a pessoa back-end é quem ajuda a garantir que as informações dos usuários estejam seguras, mesmo em situações de risco, como tentativas de invasão.

Manutenção e escalabilidade

Por fim, também é papel do back-end manter a aplicação funcionando bem com o passar do tempo.

Isso envolve identificar e corrigir erros no código, melhorar o desempenho e adaptar o sistema para crescer — seja para receber mais usuários, lidar com novos dados ou incluir funcionalidades novas.

Quanto ganha um desenvolvedor back-end?

Um desenvolvedor back-end no Brasil ganha de R$ 3.000 a R$ 12.000, dependendo do nível de experiência, tipo da vaga e localização da empresa. Segundo o Glassdoor, os valores médios por nível costumam ser:

Júnior: entre R$ 3.000 e R$ 5.000
Pleno: entre R$ 6.000 e R$ 8.000
Sênior: entre R$ 9.000 e R$ 12.000

Além de ser uma área valorizada, o back-end oferece boas oportunidades de crescimento e possibilidades de trabalho remoto. 

O que esperar do mercado

Empresas de tecnologia, bancos, startups, e-commerces e até instituições públicas têm buscado cada vez mais profissionais especializados em back-end.

Essa valorização da área se deve ao papel central que esses sistemas desempenham no funcionamento das plataformas digitais.

Além disso, o aumento do trabalho remoto ampliou as possibilidades de contratação em diferentes estados ou até fora do Brasil, sem precisar sair de casa.

Diferenças salariais por região do Brasil

Em grandes centros urbanos, os salários tendem a ser mais altos, especialmente nas regiões com maior presença de empresas de tecnologia. 

E a boa notícia é que, com o crescimento das vagas remotas, você pode trabalhar de qualquer lugar do Brasil e ainda assim ter acesso a boas oportunidades e faixas salariais competitivas.

Perspectivas internacionais de salário

Trabalhar como desenvolvedor back-end para empresas do exterior pode trazer uma boa diferença no bolso.

Segundo um levantamento da Qubit Labs (2025), os salários pagos fora do Brasil são bem mais altos, especialmente nos Estados Unidos, em que um back-end pode ganhar mais de R$ 64 mil por mês, o que chega a ser quase 8 vezes maior do que a média brasileira na área.

Confira alguns exemplos de média salarial anual para profissionais de back-end (já convertidos para reais):

  • Estados Unidos: até R$ 774 mil/ano (~R$ 64.000/mês);
  • Austrália: R$ 588 mil/ano (~R$ 49.000/mês);
  • Europa Ocidental (ex: Alemanha e Reino Unido): R$ 265 mil a R$ 280 mil/ano (~R$ 22.000/mês);
  • Europa Oriental (ex: Polônia): R$ 210 mil/ano (~R$ 17.500/mês);
  • Ásia (ex: Índia e Filipinas): até R$ 50 mil/ano (~R$ 4.000/mês).

Esses dados foram reunidos a partir de plataformas como Indeed, ZipRecruiter, Salary.com, Glassdoor, PayScale e Talent.com, conforme indica a própria Qubit Labs em seu artigo.

Outro ponto importante é que o conhecimento em tecnologias específicas pode elevar bastante esse valor.

A Qubit destaca que profissionais com domínio em linguagens como Python e Java, familiaridade com bancos de dados (SQL e NoSQL) e experiência em ferramentas modernas como inteligência artificial ou a stack MERN (MongoDB, Express.js, React e Node.js) têm mais chances de conseguir salários acima da média.

Como migrantes e refugiados podem dar os primeiros passos na carreira de back-end?

Entrar no mercado de tecnologia pode parecer desafiador no começo, principalmente para quem está recomeçando a vida em um novo país.

Mas a boa notícia é que o back-end é uma área acessível para iniciantes, com muitas oportunidades gratuitas de aprendizado e iniciativas que apoiam migrantes e refugiados.

A importância da comunicação e das habilidades interpessoais

Para quem quer começar na área de back-end, dominar a parte técnica é essencial, mas saber se comunicar bem também conta muito. 

Falar com clareza e se expressar de forma objetiva são habilidades valorizadas em qualquer equipe. Ter fluência em português é importante para atuar em empresas brasileiras, enquanto o inglês pode abrir portas tanto em vagas internacionais quanto em empresas nacionais que exigem leitura e escrita nesse idioma. 

Além disso, desenvolver a oratória, o pensamento crítico, a capacidade de resolver problemas, a criatividade e o trabalho em equipe ajuda a lidar com os desafios do dia a dia e se destacar no mercado.

É preciso ter faculdade para trabalhar com back-end?

Apesar de ajudar a se destacar no mercado, ter um diploma de faculdade não é a única maneira de atuar como back-end. 

É possível entrar na área por meio de formações profissionalizantes, desde que se desenvolvam habilidades técnicas, domínio das ferramentas e competências comportamentais, como comunicação, resolução de problemas e trabalho em equipe. 

Esse é o caso do Programa de Carreira da Toti, que prepara migrantes e refugiados para o mercado de tecnologia sem exigir formação universitária.

Hoje, as empresas valorizam profissionais que demonstram capacidade prática por meio de projetos pessoais, portfólio e experiências reais, mesmo que informais. 

Plataformas e cursos gratuitos voltados a migrantes

Existem formações profissionalizantes e cursos livres que ajudam a desenvolver habilidades técnicas e comportamentais para atuar na área de tecnologia. Algumas das principais iniciativas são:

  • Toti: oferece um Programa de Carreira gratuito para pessoas refugiadas e migrantes em áreas como desenvolvimento web, suporte técnico, UX/UI, entre outras, proporcionando networking e apoio na entrada no mercado de trabalho.
  • Reprograma, ElasNaTech e PrograMaria: iniciativas voltadas principalmente a mulheres que desejam entrar na área de tecnologia.
  • FreeCodeCamp: plataforma com cursos introdutórios gratuitos e de qualidade.
  • Alura: disponibiliza cursos livres para desenvolver diferentes habilidades essenciais no setor de tecnologia.

ONGs e comunidades que apoiam inclusão no mercado de tecnologia

Além de aprender, é importante se conectar com pessoas que estão passando pela mesma jornada. ONGs, projetos sociais e comunidades de tecnologia podem ser ótimos espaços para isso.

Confira algumas iniciativas:

  • Comunidade Toti: é uma comunidade que reúne pessoas refugiadas e migrantes formadas pelo Programa de Carreira da Toti. O espaço promove troca de experiências, apoio entre pares, eventos e oportunidades no setor de tecnologia.
  • Comunidades como a Afroya Tech, WoMakersCode e Perifacode também são espaços seguros para trocar experiências, tirar dúvidas e se fortalecer como profissional.

Começar pode parecer difícil, mas você não está só. Há caminhos possíveis, ferramentas acessíveis e pessoas dispostas a ajudar.

Habilidades essenciais para quem quer trabalhar com back-end

Para atuar com back-end, é importante desenvolver tanto habilidades técnicas quanto formas de pensar e resolver problemas. Algumas dessas competências você vai aprender aos poucos, durante os cursos e projetos. Outras você pode ir praticando desde já, mesmo sem experiência prévia. Acompanhe, a seguir, as principais.

Linguagens e frameworks

O primeiro passo é aprender pelo menos uma linguagem de programação voltada para o back-end. As mais comuns no mercado são:

  • Python: ótima para iniciantes, muito usada em APIs, automações e projetos com dados.
  • JavaScript (Node.js): ideal para quem já estudou front-end e quer continuar na mesma linguagem.
  • Java: bastante procurada por empresas grandes, especialmente em bancos e sistemas robustos.
  • PHP, C# e Ruby: também aparecem com frequência, dependendo da área e da empresa.

Além das linguagens, frameworks também são bastante mencionados, pois funcionam como “caixas de ferramentas” que ajudam a programar mais rápido e com boas práticas. Alguns exemplos são Django (Python), Spring Boot (Java) e Express (Node.js).

Banco de dados relacionais e não relacionais

Todo sistema digital precisa guardar e acessar informações com frequência. Desde cadastros até pedidos e atualizações, tudo passa por algum tipo de banco de dados.

Por isso, entender como eles funcionam é uma parte importante do dia a dia de quem trabalha com back-end.

Existem dois tipos principais:

  • Relacionais (como MySQL e PostgreSQL): organizam os dados em tabelas, parecidas com planilhas. São ideais quando as informações estão bem estruturadas e se conectam entre si.
  • Não relacionais (como MongoDB): são mais flexíveis e costumam ser usados em projetos mais dinâmicos, como aplicativos modernos ou redes sociais.

Mesmo no início da carreira, aprender o básico de SQL já pode fazer diferença. Essa linguagem é usada para interagir com bancos relacionais e ajuda muito na hora de entender como os dados são buscados e organizados.

Práticas de segurança e autenticação

No contexto do back-end, segurança significa proteger as informações dos usuários de um sistema. 

Mesmo nos primeiros projetos, já é possível aprender algumas práticas simples para deixar tudo mais seguro. Por exemplo:

  • Autenticação com tokens, que funciona como uma chave digital para confirmar que o usuário é mesmo quem diz ser;
  • Criptografia, que embaralha as informações para que só quem tem a chave consiga entender;
  • Boas práticas de código, que ajudam a evitar falhas que poderiam ser usadas por pessoas mal-intencionadas.

Esses cuidados fazem parte da rotina de quem desenvolve o back-end e ajudam a construir sistemas mais confiáveis para todo mundo.

Testes automatizados e boas práticas de código

Outro ponto essencial é garantir que o sistema funcione corretamente, mesmo depois de várias mudanças. Por isso, uma das habilidades mais valorizadas é escrever testes automatizados, que verificam se tudo está rodando como deveria.

Além disso, seguir boas práticas como manter o código limpo, organizado e bem documentado ajuda você a crescer como profissional e trabalhar melhor em equipe.

Se você é migrante ou refugiado e quer construir uma nova trajetória no Brasil, o desenvolvimento back-end pode ser uma ótima porta de entrada para o mercado de tecnologia.

Essa carreira oferece boas oportunidades, salários atrativos e caminhos de crescimento profissional, mesmo para quem está começando agora.

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